Artigo - Infecção Hospitalar

quinta-feira, 6 de setembro de 2012





A falta de vagas nos Hospitais pode estar relacionado
com Infecção Hospitalar
Atualmente estamos enfrentando um problema sério em Saúde Pública:
ausência de leitos disponíveis em Unidades de Tratamento Intensivo,
conhecidas como UTI, para internação de pacientes graves.

Em várias regiões do país, para garantir o atendimento médico, familiares de pacientes críticos estão buscando liminares judiciais para fazer valer o Direito Constitucional referente á Saúde.  Contudo, mesmo com causa ganha desse direito, os hospitais não possuem vagas disponíveis para internação desses pacientes.
O que poderia estar causando a baixa rotatividade dos leitos?

Estudos em diversos países do Mundo revelam dados preocupantes em relação á Infecção Hospitalar, que representam complicações relacionadas à assistência a saúde e constituem a principal causa de doenças e morte no ambiente hospitalar, aumentando o tempo de internação em média, em 10 dias, reduzindo a rotatividade dos leitos e, elevando os custos hospitalares.

Os procedimentos altamente sofisticados e invasivos, o uso indiscriminado de antibióticos e a resistência microbiana são os fatores que apontam as Infecções Hospitalares como um grave problema de Saúde Pública.
No Brasil, a incidência exata das Infecções Hospitalares é desconhecida, entretanto um inquérito nacional realizado pelo Ministério da Saúde revelou que entre as instituições avaliadas, a taxa de infecção variou de 13 a 15%. Ao compararmos com o estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde – OMS que, em 14 países, encontrou, taxa média de 8,7%, o Brasil revela o dobro dos casos, demonstrando a necessidade de medidas mais eficazes para a redução dessas taxas em todo Território Nacional.

A emissão da Portaria n°2.616/98, ainda em vigor, pelo Ministério da Saúde mantêm a obrigatoriedade da existência de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares-PCIH, que é definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente que, tem como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções hospitalares.

Contudo, uma pesquisa inédita realizada em 2009 pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo - CREMESP, por iniciativa do Ministério Público do Estado de São Paulo, revelou que mais de 90% dos hospitais fiscalizados apresentam deficiências nos Programas de Controle de Infecções Hospitalares – PCIH.

No Canadá, as infecções hospitalares correspondem ao 4° maior causa de morte no país. A cada ano, de 220.000 a 250.000 pacientes internados, resultam em 8.000 a 12.000 mortes por infecção hospitalar, sendo que 30 a 50% destes casos são evitáveis.
A Canadian Nosocomial Infection Surveillance Program (CNISP) divulga relatórios constantes que demonstram o aumento das taxas de microrganismos multirresistentes no ambiente hospitalar.  Desde seu primeiro relatório em 1995, as taxas aumentaram 10 vezes.

Estima-se que o custo total do tratamento de infecção por microrganismo multirresistente seja de $ 14.360 por paciente. Segundo o Professor do Centro de Informação em Saúde da Universidade de Dundee, Peter G. Davey, os pacientes que contraem infecção na Unidade de Terapia Intensiva, permanecem 6 dias em relação há 03 dias com pacientes que não contraíram infecção, aumentando de $ 6.028 para $11.353.

No Reino Unido, em 2002, cerca de 3.000 infecções poderiam ter sido evitadas. Segundo um relatório do Serviço Nacional Britânico de Auditorias, as infecções hospitalares afetam 100.000 pessoas por ano, custando ao Serviço Nacional de Saúde cerca de £ 1 bilhão em tratamentos. O relatório afirma ainda que cerca de 1/3 dessas infecções poderiam ter sido evitadas e concluiu que um maior investimento no Controle de Infecção Hospitalar é crucial para a melhoria dos cuidados hospitalares administrados e para a redução dos custos.

Nos EUA, em 1974, 2% das infecções foram causadas por microrganismos multirresistentes. Em 1995, esse número aumentou para 22%. Hoje os especialistas estimam que mais de 60% das infecções sejam causadas por esses microrganismos, que podem ser encontrados em todos os lugares, nos armários, nas camas, nas mesas de cabeceiras e podem viver por semanas. Os pacientes e os profissionais da saúde ao tocar estas superfícies, as mãos podem espalhar esses microrganismos causando contaminação cruzada.

O Editorial do New York Times de junho de 2005 publicou um artigo, onde a Vice Governadora de Nova York – Betsy MacCaughey argumenta que, ao investir em hospitais comprovadas precauções, os mesmos são recompensados em até 10 vezes mais no retorno financeiro. Estas infecções adicionam cerca de US$ 30 bilhões anualmente para as despesas do país, com tendência a aumentar rapidamente com a resistência aos medicamentos antimicrobianos.

Na 5th Decenial International Conference on Healthcare Associated Infections, realizada em Atlanta em 2010 foi apresentado um estudo sobre a contaminação de luvas de um funcionário que não tinha contato direto com o paciente, mas havia tocado em superfícies do quarto. Este estudo demonstrou o crescimento microrganismos multirresistentes, sendo 42% de MRSA e 52% de VRE. Em outro estudo, foi realizado cultura da ponta dos dedos, apresentando crescimento de 46% de VRE após 5 segundos de contato com a grade da cama ou mesa lateral em um quarto ocupado por paciente infectado por VRE.

Outro ponto importante a se destacar é a duração desses microrganismos causadores de doenças no meio ambiente. Alguns vírus, como HIV, causador da AIDS, duram mais de 7 dias; Rotavírus, frequente em crianças e responsável por surtos de vômitos e diarreias,  de 6 a 60 dias; vírus influenza, causador da gripe, de 1 a 2 dias.  Exemplos de bactérias como MRSA, de 7 dias a 7 meses; VRE de 5 dias a 4 meses; Clostridium difficile(esporos), 5 meses; Pseudomonas, muito comum em feridas causadas por úlcera de pressão em pacientes acamados, de 6 horas a 5 semanas.

Diante deste cenário, como podemos prevenir e controlas essas Infecções nos Serviços de Saúde?

Limpando, a forma mais indicada para o controle dessas infecções. Geralmente, essa tarefa é desempenhada por funcionários de apoio que tem como função manter os locais limpos. O custo com o pessoal representa 93% do custo de limpeza, tendo assim, como resultado, a “eficiência” por conta do pessoal.

Contudo, esses serviços de apoio hospitalar sofreram cortes trágicos ao longo dos últimos 30 anos. Esses funcionários são trabalhadores sem capacitação profissional e de baixa remuneração.

“A limpeza desempenha um papel fundamental para a preservação da saúde dos usuários nas áreas hospitalares. Mais do que uma simples questão de higiene, ela é um verdadeiro instrumento de controle as infecções. Trata-se sem dúvida de uma importante mensagem para os gestores hospitalares e que vem contrariar a tendência atual de desinvestimentos dos Serviços de Limpeza, cuja importância está claramente subestimada.”
Janice Murphy, BRE, MBA, MED. Rechearch Analyst, HEU

Apesar dos poucos recursos financeiros reconhece o custo benefício da limpeza com o custo de tratamento de infecções, pois estudos comprovam que, enquanto os hospitais não estiverem devidamente limpos, as mãos, após a lavagem será recontaminadas em segundos.

O Instituto Canadense de Saúde emitiu um relatório em 2002 informando que os hospitais têm cortado os gastos com serviços de apoio nos últimos anos.

Os Serviços de Limpeza sofreram uma redução, em média, de 1,8% ao ano, a gestão de materiais 2,2% , os serviços de alimentação 3,1% , administração de instalação e operação, redução de 1,1% ao ano.
Nos hospitais da Inglaterra, nesses últimos 15 anos, o número de funcionário do serviço de limpeza, caíram cerca de 100.000 para 55.000. O surto de doenças infecciosas e as condições imundas dos hospitais britânicos tornaram-se um problema de Política Pública no País.

O British National Health Service (NHS), em 2002, começou a publicar os nomes dos hospitais com altas taxas de infecção em jornais, e, em julho de 2004, o NHS anunciou que cada hospital teria de mostrar publicamente o seu índice de Infecção Hospitalar. Agora, está considerando que os chefes dos hospitais, respondam criminalmente pelas Infecções Hospitalares.

Recentemente, em Quebec, o Montreal Gazette publicou sobre um surto causado por Clostridium difficile na província. Uma série de fatores contribuiu para este surto, contudo, a falta de higienização adequada nos hospitais chamou a atenção.

Os orçamentos foram cortados em meados da década de 1990, resultando em hospitais onde o vaso sanitário e pias dos pacientes eram raramente desinfectados ou mesmo limpos. Em alguns hospitais de Montreal, funcionários de limpeza tinham exatamente 36 segundos para limpar um vaso sanitário.

Outros pesquisadores que investigaram o surto em Quebec, concluíram que o envelhecimento da infraestrutura dos hospitais e a tolerância dos ambientes hospitalares com 4 pacientes e um único banheiro, menos de 3 metros entre camas e progressivamente menos recursos atribuídos a todas as tarefas,  facilitaram a propagação da doença.

Contudo, enquanto os hospitais não estiverem devidamente limpos, as mãos, após a lavagem será recontaminadas em segundos. Estudo da Universidade Johns Hopkins Hospital, 26% dos armários foram contaminadas com a bactéria MRSA e 21% com bactérias VRE.

O pesquisador Kris Owens, que demonstrou que o MRSA pode viver em superfícies por semanas disse á impressa: “Os resultados desse estudo demonstram claramente a necessidade de lavagem frequente das mãos e a desinfecção do ambiente nas unidades de saúde”.

Alguns microrganismos como Staphylococcus aureus, Acinetobacter baumannii, Glycopeptide-resistant enterococcus, vírus Norwalk e hepatite C podem contaminar o ambiente e são vulneráveis á limpeza que os remove das superfícies e do ar. Relatórios das equipes de CIH (Controle de Infecção Hospitalar) de vários hospitais onde surgiram surtos de infecções causados por estes agentes etiológicos, sustentam que os surtos foram controlados a partir do momento em que a limpeza desempenhou um papel preponderante num rigoroso Programa de Controle de Infecção Hospitalar.

O National Health Service britânico, com poucos recursos financeiros, reconhece o custo benefício da limpeza com o custo de tratamento de infecções. Em um Hospital em Dorchester, dobrando horas do pessoal da limpeza, reduziu em 90% a disseminação de MRSA, poupando em 312 vezes os custos acrescidos de limpeza.


Fonte: Luciane Campos / Enfermeira COREN: 94.047 - SP

Fonte Original do artigo:

2 comentários:

Antimicrobianos Provida disse...

Bom dia!
É fato comprovado. Infecção hospitalar mata, e muito, todos os anos. Boas práticas em higiene pessoal, limpeza de ambientes e utensílios utilizados para atender clientes/pacientes são medidas preventivas eficientes, porém dentro de um processo contínuo, em que um grande número de pessoas são envolvidas e que também envolve equipamentos e acessórios médicos/hospitalares de áreas distintas, com alto “toque” o risco de contaminação cruzada cresce de uma forma intensa, por que o volume de atendimentos são altos e caso alguém da equipe não respeita as boas práticas, todo o esforço do conjunto de medidas caem por terra. Dessa forma os aditivos antimicrobianos ou antibacterianos incorporados em resinas plásticas, tecidos e tintas durante a fabricação, podendo ser um bem descartável ou durável mostram o seu “valor de uso”. Esses aditivos aliados às boas práticas ampliam a barreira de proteção quanto à contaminação cruzada, reduzindo a contaminação cruzada e consequentemente a infecção hospitalar , mas nunca abandonando as normas recomendadas de limpeza e procedimentos.
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Rúbio Ribas

Antimicrobianos Provida disse...

Bom dia,

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Rúbio Ribas
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